quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Carne e carnaval


Chegou o carnaval. Vou ficar 4 dias sem trabalhar! Pra quem trabalha sempre na hora da diversão dos outros, isso é uma dádiva de Deus.
Então pra mim é tempo de preparar o que eu mais gosto. Receitas demoradíssimas, aquelas que eu nunca tenho tempo de preparar.
Assar pães que demoram uma eternidade para crescer, defumar carnes ou peixes, salgar carne de porco, cozinhar carnes que ficam um dia inteiro no fogo, enfim, receitas que não se pode preparar durante o dia a dia.
Como não suporto o carnaval, vou é ficar bem sossegado me divertindo com outras coisas.
Muita gente diz que adora o carnaval, mas particularmente acho que essa festa está em declínio. Uma prova disso são as festas nos salões, que estão acabando de vez.
Pode ser um atrativo do Brasil, mas para o brasileiro acho que o que vale mesmo são os dias sem trabalhar!
Tenho uma amiga havaiana que não conhecia o Brasil. Aí fomos mostrar pra ela o samba e as danças. Ela ficou horrorizada com a dança esquisita.
A gente nasceu e cresceu vendo esta esquisitice, mas olhando pelo ponto de vista de quem nunca viu essa dança, o samba é realmente estranho.
Os pezinhos movendo rapidinho, dando passinhos minúsculos e muito rápidos enquanto o corpo todo dá soquinhos para todo lado!
Tire o som da sua televisão enquanto uma dançarina se mexe feito louca e você vai entender o que eu estou dizendo.
Quem não consegue sambar no estilo “soquinho”, dança de uma maneira que parece que a pessoa está correndo no lugar. Os braços se mexem como se estivesse correndo e as pernas também, mas a pessoa mal sai do lugar! É muito estranho. Sem contar aqueles que não sabem fazer nem o estilo “soquinho” nem o “corredor falso” e apelam para o dedinho pro céu. Este é sem comentários.
Eu acho ridículo, mas você pode gostar. Então eu vou parar por aqui! Já estou até vendo a minha caixa de email saturada de xingamentos!
Por isso vamos voltar à culinária. Quem sabe você gosta tanto da receita de hoje que me perdoa?
Aprendi esta receita num livro de um dos chefs que mais admiro: Heston Blumenthal, chef do restaurante The Fat Duck, considerado o segundo melhor do mundo.
No livro, ele sai em busca da receita do melhor bife, e acaba desenvolvendo uma, que eu vou adaptar para você preparar no carnaval.
Vá ao seu açougue de confiança e peça para ele te vender uma peça inteira da chuleta, na verdade uma peça com 3 ripas. Assim você terá carne para umas 6 pessoas.
Saia do açougue e vá direto a uma borracharia de confiança.
Borracharia? É...

Receita de hoje

Filé da borracharia

Ingredientes
Uma peça de chuleta com costelas
Sal marinho
Manteiga
Pimenta do reino preta

Pode parecer estranho, mas quem não tiver um maçarico forte em casa vai ter que ir até uma borracharia.
Peça emprestado o maçarico do borracheiro e toste a carne por inteiro. Seja rápido para ninguém te achar maluco e para não cozinhar a carne. É só para tostar o exterior.
Coloque a carne num forno elétrico a 50°C. É a temperatura mínima de um forno elétrico. Se não tiver um, regule seu forno a gás na temperatura mais fraca possível e deixe a porta do forno completamente aberta.
Deixe assar nesta temperatura por 24 horas. As enzimas vão trabalhar durante esse tempo e sua carne ficará macia e saborosa, mas mal passada.
Depois de 24 horas, retire a carne do forno e deixe descansar por 2 horas em temperatura ambiente.
Agora retire a carne do osso. Passe a faca pelo osso em “L”, depois corte em bifes de 4cm de largura.
Esquente uma frigideira de ferro, ou alguma bem pesada que você tiver por 5 minutos.
Enquanto isso, misture o sal com a pimenta moída grossamente e um pouco de óleo.
Passe o bife no óleo temperado e doure na frigideira quente, virando ocasionalmente até chegar no ponto desejado.
Pelo amor de Deus, não deixe a carne passar, ou mais de 24 horas de trabalho irão para o lixo!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Piquenique


Desde criança sempre sonhei em fazer piqueniques.
Eu tinha uma coleção de livro da Disney, e meu preferido era um em que Mickey e seus amigos faziam um piquenique no campo.
Do cesto de vime saíram tortas, saladas e sanduíches, que foram espalhados pela toalha quadriculada em vermelho e branco. Não lembro dos conflitos da história, mas da vontade que eu ficava de comer tudo o que havia lá.
Comecei a comer rabanetes porque na história havia uma salada de rabanetes que me apareceu muito apetitosa.
Pedi pra minha mãe comprar e comi me imaginado junto com o Pato Donald.
O problema é que nunca consegui fazer um piquenique por aqui. Não acho que nossos parques sejam seguros e tenho medo de ter que dividir minha comida com um assaltante.
Assim, só consegui fazer piqueniques quando morei fora do Brasil, onde você, se quiser, pode comer terra de hashi e ninguém vai te importunar por isso.
Piquenique é uma palavra de origem francesa. Era a designação de refeições nas quais cada pessoa trazia um prato e todos comiam juntos. Isso ainda no século XVII. Com certeza eles não tinham problema em encontrar uma bela paisagem para se reunir e comer.
Lá na França existe até o verbo “pique-niquer” que pode ser traduzido como piquenicar.
A comida servida neste tipo de reunião combina muito com o verão e deve ser diferente das servidas em almoços preparados em casa.
Primeiro que não tem como servir comida quente em piqueniques a não ser que você leve um fogareiro. Mas isso tem outro nome: farofada.
Então, abuse de frutas, vegetais em picles, carnes frias, saladas que possam ser temperadas com antecedência, queijos e pães.
Para beber, muita água mineral, vinho e é perdoável levar suco na garrafa térmica. Suco e não sopa!
Farofar ou piquenicar, vai depender muito do que você vai preparar.
Imagine uma linda cesta de piquenique sobre uma linda toalha branca bordada. Você está num parque magnífico de frente para um lago. Todos esperam ansiosos pela comida que surgirá da cesta.
Se você surgir com um frango assado, um pacotão de farofa e uma salada de maionese você é farofeiro, certo?
Mas se você tirar uma salada de grãos para comer em copinhos, finas fatias de roast beef temperados com azeite e um pão de chocolate com banana, mesmo que você esteja na Praça do Carmo, vai parecer que está no Jardim de Luxemburgo.

Receita de hoje

Kit de piquenique
Ingredientes:
Para o pão de chocolate com banana
-500g de farinha de trigo
-2 tabletes de fermento biológico
-1 pitada de sal
-6 colheres de açúcar
-6 colheres de azeite
-1 e ½ xícaras de água aproximadamente
-2 bananas nanica
-1 barra de chocolate ao leite

Dissolva o fermento na água e junte o açúcar, sal, azeite e o trigo. Amasse bem e descanse a massa até dobrar de tamanho. Abra a massa em um retângulo e espalhe o chocolate e a banana picada. Enrole o pão e forme uma coroa. Esfregue azeite na superfície da massa, espere crescer e salpique açúcar.
Asse no forno pré-aquecido até dourar bem.

Para a salada de grãos
-1 punhado de feijão branco, fradinho, grão de bico cozidos e escorridos
-1 punhado de ervilha congelada
-azeite
-sal
-um punhado de ervas frescas

Junte todos os ingredientes e misture bem. Reserve na geladeira.

Para o roast beef
-1 peça de contra filé de 1kg
-sal
-pimenta do reino
-azeite

Doure a peça por todos os lados numa frigideira até tostar bem. Tempere com sal e pimenta do reino e leve ao forno a 190°C por 15 minutos.
Deixe a peça esfriar, fatie finamente e tempere novamente com sal, pimenta do reino e azeite. Sirva frio com um bom pão.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

REGIME FORÇADO



Eu que sou tão contra regimes, acabei fazendo um.
É a solução do verão. Imagina, perder 5 quilos em 2 dias!
Batizei esse regime de “5 por 2”. E aí vai a receita:
Vá a um supermercado de uma rede que não seja mogiana e compre coração de galinha.
Tempere com limão, sal e alho. Asse no churrasco, coma umas 12 unidades e espere.
Não se esqueça de esperar sentado na privada porque de lá você não vai mais sair.
Meu Deus do céu. Fiquei de segunda a terça-feira praticamente vivendo no banheiro. Passei mal horrores e acabei fazendo um regime forçado.
Além de mim, minha esposa, meu irmão e minha cunhada também tiveram dias de rei, todos sentados no trono.
Trabalhar com alimentos é coisa séria. E espero que nenhuma criança tenha comido o coração de galinha daquele supermercado idiota.
Nesses dias de calor o cuidado com os alimentos devem ser redobrados e até a escolha do que se vai comer é importante.
Não coma alimentos pesados porque nosso corpo demora muito para digeri-los.
Com o corpo lutando para resfriar o corpo e ainda tendo que digerir a maldita dobradinha que você comeu, o resultado só pode ser um mal estar geral.
Você também deve saber que comida estraga muito rápido quando deixada em temperatura ambiente. Ainda mais quando a temperatura passa os 30°C. Então esqueça a mania que sua avó tinha de deixar bolo, torta, arroz, e etc fora da geladeira. TUDO que foi cozido deve ir para a geladeira!
“Ah, mas eu sempre deixei o arroz do almoço no fogão até a hora da janta e nunca me aconteceu nada” Um dia vai acontecer, e você vai ficar tão traumatizada que não vai comer arroz por um bom tempo.
Agora que você entendeu que lugar de comida é na geladeira, vamos aos alimentos leves.
Arroz é leve, mas feijão é pesado. Não estou dizendo que você não deva comer feijão no calor, mas para variar, que tal comer arroz sem feijão.
Eu sei que arroz branco sem feijão não tem lá muita graça, mas experimente refogar bastante cebola em rodelas, depois adicionar cenoura ralada e um punhado de espinafre e misturar tudo isso no arroz cozido. Fica tão bom que você não vai querer mais nada para acompanhar. Se juntar carne seca então sua família vai comer na tigela de colher!
Pratos com macarrão são geralmente leves. Uma pasta com molho de tomate fresco, uma salada de macarrão com um monte de verdura e ervilhas congeladas.
Ah, esqueça as ervilhas em lata. Elas têm muito sal e são horríveis. Prefira as congeladas ou as frescas.
Ainda falando das massas, que tal uma sopa de cabelinho de anjo. Sirva gelada, é claro.


Receita de hoje
Sopa gelada de cabelinho de anjo

Ingredientes
-1/2 pacote de macarrão cabelo de anjo
-1/2 cebola
-2 pimentões vermelhos
-1 pimentão amarelo
-2 pepinos
-3 tomates maduros
-1/2 maço de espinafre
-sal
-pimenta do reino branca
-3 filés de aliche
-azeite
-1 maço de manjericão
“Como você dá uma receita leve com pimentão, Fábio?!”
Você não vai comer a pele do pimentão, e isso é a única coisa indigesta nele.
Bata todos as verduras e o aliche no liquidificador. Corrija a espessura com água filtrada, se necessário.
Peneire o líquido (aqui a pele do pimentão fica fora da sua comida) e tempere com sal e pimenta do reino branca. Leve para gelar.
Quebre levemente os ninhos de cabelo de anjo e cozinhe conforme a embalagem. Escorra e lave até esfriar bem.
Quando o caldo estiver bem gelado, adicione o macarrão, salpique com manjericão e sirva com cubos de gelo.